O Brasil, como bem sabem, possui uma vasta diversidade cultural e territorial na produção de queijos artesanais. Preparei uma lista para você com 10 queijos para experimentar ainda em 2024 que tiveram resultados ótimos em competições renomadas como o Prêmio Queijo Brasil e o Mundial do Queijo Brasil. No final, vai ter um elemento surpresa. Confira:
10. Etchêkoa
Queijo de ovelha feito em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, cidade conhecida como a última cidade do Brasil, pela queijaria Terroir da Vigia. Esse queijo é inspirado em outro chamado Ossau-Iraty, queijo basco de ovelha com textura semi-dura bem tradicional da região. Tem como característica ter um sabor forte e complexo, podendo ser encontrado nas versões de leite cru ou pasteurizado.
Em Basco, “etxekoa” significa “feito em casa”, o x foi substituído pelo tchê para homenagear aquela saudação típica do Rio Grande do Sul. Isso representa muito o que a queijaria transmite, queijos com influência de fora, com qualidade igual ou superior, e produzidos com o rico terroir brasileiro.
- Leite: Ovelha
- Textura: Semi-dura
- Família: Outros leites ou massa dura
- Intensidade: Forte
- Maturação: a partir de 3 meses
- Vinho: combina com uvas Tempranillo
- Cerveja: acompanha estilos como Blond Ale
- Queijaria: Terroir da Vigia
- Estado: Rio Grande do Sul
9. Alvura Negra
Queijo de cabra pasteurizado feito em Itaverava em Minas Gerais pelo produtor D’Chevre. Possui mínimo de 20 dias de maturação, textura muito cremosa e casca tomada por mofo branco (o igual ao Brie) com cobertura de carvão vegetal de alecrim-do-campo.
Ele derrete na boca e o sabor vai evoluindo na boca, ficando com aquela sensação de “quero mais”. Muito versátil e fácil de encaixar em tábuas de frios por ter um sabor delicado, com pouca acidez, e muito delicado.
- Leite: Cabra
- Textura: Cremosa
- Família: Outros leites ou casca florida
- Intensidade: Suave
- Maturação: mínimo de 20 dias
- Vinho: vai bem com Gewürstraminer
- Cerveja: acompanha estilos como Weiss ou Saison
- Queijaria: D’Chevre
- Estado: Minas Gerais
8. Requeijão caipira com raspa do tacho
Conhece aquelas raspinhas que ficam no fundo da panela quando cozinha? Esse requeijão tem aquelas raspas deliciosas que só deixa o sabor mais incrível. Essa queijaria fica em Delfinópolis em Minas Gerais e está dentro da região da Serra da Canastra. É claro que a queijaria tem os Canastras tradicionais, porém vale experimentar esse.
Antes de explicar, gosto muito de falar como esse tipo de queijo é uma receita típica brasileira. Ou seja, um estilo que não vai ser possível encontrar em mais nenhum outro lugar do mundo. O requeijão em barra não tem referência externa, a receita veio de experimentando novas receitas de queijo e isso é algo muito importante (além de ser muito legal).
Vai possuir a textura macia, muito fácil de derreter, e o sabor rico, ótimo para fazer aquele misto quente para elevar o nível do lanche. Naquelas receitas de molho branco também vai ser uma boa adição. Para o café da manhã ou da tarde com certeza vai ser uma boa escolha.
- Leite: Vaca
- Textura: Macia
- Família: Massa fundida/Requeijão
- Intensidade: Suave
- Maturação: Fresco
- Bebida: vai ter a melhor combinação com café coado ou expresso
- Queijaria: Reserva do Lago
- Estado: Minas Gerais
7. Maratimba
Produzido em Porto Feliz, interior de São Paulo, pela queijaria Rima. Feito a partir do blend do leite de ovelha com o de vaca da própria fazenda. Essa mistura resulta num queijo com a potência do leite de ovelha suavizado pelo leite de vaca. Vai possuir muita delicadeza e o sabor adocicado juntamente com uma consistência mais firme.
Além do sabor ser sem igual, a etimologia do nome traz um significado bem interessante. No tupi significa “mistura de branco com índio”, remetendo a mistura dos leites que tem a proporção 50/50. Não dá para deixar de experimentar esse.
- Leite: Ovelha e Vaca
- Textura: Macia
- Família: Amanteigado
- Intensidade: Médio
- Maturação: entre 1 a 3 meses
- Vinho: vai bem com Sauvignon Blanc
- Cerveja: acompanha estilos como Amber Ale
- Queijaria: Rima
- Estado: São Paulo
6. GOA #14
Queijo Minas Artesanal feito na mantiqueira de Minas na Fazenda Lage, no município de Aiuruoca. Possui massa semi-cozida e todo o processo de produção é feito com muito cuidado, conferindo complexidades especiais. Possui 120 dias de maturação e é um queijo com intensidade moderada.
Caso se pergunte porque é #14 porque é o tamanho do diâmetro da forma que é fabricado. Vai apresentar sabores adocicados e notas de castanhas inconfundíveis. Outro que consegue se encaixar em qualquer ocasião, é fácil de incorporar em tábuas, lanches, receitas e o que mais a criatividade quiser, além de ser seguro para os intolerantes a lactose.
- Leite: Vaca
- Textura: Macia
- Família: Amanteigado
- Intensidade: Médio
- Maturação: 120 dias
- Vinho: combina com vinho tipo rose e uva Syrah
- Cerveja: acompanha estilos como Lager
- Queijaria: Fazenda Lage
- Estado: Minas Gerais
5. Canastra Faz o Bem
É claro que não podia faltar um autêntico Canastra. Gosto muito desse principalmente por ser o primeiro Canastra orgânico da Serra da Canastra. Ele respeita toda a tradição do modo se fazer queijo minas artesanal, que é patrimônio imaterial brasileiro, se quiser saber mais é só clicar aqui. O Vinícius (o produtor) adiciona, antes mesmo da fabricação do queijo, a preocupação com a alimentação, tratamento e bem-estar das vacas, e isso influencia a qualidade dos queijos.
Diferente de muitos Canastras, esse a casca vai ser mofadinha e natural, sem a raspagem e lavagem que muitos produtores gostam de fazer. Sabor suave e característico, com massa macia e é naturalmente sem lactose. Porém, é um queijo vivo, a maturação continua e o queijo evolui mesmo na geladeira e ta tudo certo!
- Leite: Vaca
- Textura: Macia
- Família: Canastra
- Intensidade: Suave a Médio
- Maturação: pelo menos 20 dias
- Vinho: vinho tipo rose e uva Malbec
- Cerveja: pode ir bem com estilos como Pilsen
- Queijaria: Faz o Bem
- Estado: Minas Gerais
4. Azul Britânnia
A opção mais ousada para experimentar nessa lista. Esse é um queijo com mofo azul, muito famoso por ser o mesmo mofo de queijos como Gorgonzola ou Roquefort, porém ele tem como inspiração o primo mais “tranquilo” o inglês Stilton. Feito pela Carol da Belafazenda, que fica em Bofete, no interior de São Paulo, esse queijo rapidamente se tornou um dos premiados da queijaria.
Feito pelo processo de cheddarização, onde a massa fermenta no tanque no início, esse queijo vai ter uma textura quebradiça e sabor forte um pouco mais contido. Vai apresentar notas frutadas e de manteiga que se dão muito bem com meles, nozes e torradinhas.
- Leite: Vaca
- Textura: Quebradiça/Amanteigada
- Família: Azul
- Intensidade: Forte
- Maturação: 60 dias
- Vinho: vinho do porto
- Cerveja: acompanha estilos como Porter
- Queijaria: Belafazenda
- Estado: São Paulo
3. Sol do Japi
Queijo feito em Cabreúva, no interior de São Paulo, porém vem de referência queijos de montanha da região da Suíça e Alemanha. A identidade que faz ele ser único é resultado de muito estudo e preparação do terroir da região da fazenda. É um queijo de massa cozida e uma peça inteira pesa em torno de 7 a 8kg e tem maturação de no mínimo 3 meses.
Acho esse queijo muito especial e que não pode deixar de experimentar as diferentes versões dele. A cada mês que passa, ele se torna um queijo muito mais complexo. Com 3 meses, a massa vai ser firme, mas não muito dura, notas mais adocicadas de caramelo e o sabor muito tranquilo. Com 6 meses já surge mais complexidade, com a textura mais dura e o sabor amanteigado começa a ficar bem mais presente. Quando chega nos seus 9 meses de maturação, se torna um queijo duro, com cristais de tirosina, trazendo muito umami e o caramelo amanteigado realçado. Juro, vale a experiência.
- Leite: Vaca
- Textura: Macia-Dura
- Família: Amanteigado
- Intensidade: Médio
- Maturação: mínimo de 3 meses
- Vinho: combina com uva Merlot
- Cerveja: acompanha estilos como Bock ou Doppelbock
- Queijaria: Pé do Morro
- Estado: São Paulo
2. Morro Azul
Queijo que ganhou como o melhor queijo do 3º Mundial de Queijos Brasil e em 2023 no 35º “World Cheese Awards”, na Noruega, como o Melhor Queijo da América Latina. Feito em Pomerode, Santa Catarina, tem o nome para homenagear um dos símbolos da cidade. A ideia é que seja um queijo altamente cremoso, então o processo consiste em depois da salga, envolver em uma cinta de madeira para manter toda a cremosidade, ajudando também no aroma e sabor.
Para melhor degustação, no momento que for consumir, deixar em temperatura ambiente, para conseguir aproveitar todo o creme. É um queijo que fica lindo apresentado em uma tábua de queijos e frios. Tem notas lácteas e de cogumelo trazendo muito umami com perfil mais suave chegando ficar moderado se guardar por mais um pouco de tempo. Para os intolerantes, está seguro esse aqui também, não tem desculpa!
- Leite: Vaca
- Textura: Cremosa
- Família: Cremosos ou Casca Florida
- Intensidade: Suave a Médio
- Maturação: 30 dias
- Vinho: opções refrescantes e mais ácidas como Pinot Grigio
- Cerveja: sugiro cervejas com um pouco de corpo como Golden Ale
- Queijaria: Vermont
- Estado: Santa Catarina
1. Gigante do Bosque
Último, porém não menos importante. Queijo novidade, lançado recentemente, e já conquistou o público e jurados em competições importantes. Produzido em Joanópolis, 120km da cidade de São Paulo, pelo Capril do Bosque, uma queijaria liderada pela Heloisa Collins que produz queijo desde os anos 70.
Ele tem uma bela casca florida, natural, de massa firme com acidez muito equilibrada. No aroma, os mofos são muito presentes, tem notas frutadas, não sendo doce demais, que desmancha na boca. E, por mais complexo que seja, é muito fácil de harmonizar e pôr em qualquer ocasião como tábuas e lanches.
- Leite: Cabra
- Textura: Semi-dura
- Família: Outros leites ou massa dura
- Intensidade: Médio
- Maturação: 3 meses
- Vinho: vai bem com Sauvignon Blanc
- Cerveja: melhor com encorpadas médias como Weiss
- Queijaria: Capril do Bosque
- Estado: São Paulo
Extra. Cadimelo
Sei que não é queijo, porém é outro produto que não pode deixar de experimentar. Sou muito suspeita para falar, porque não pode ficar sem aqui em casa. Já provou doce de leite feito de leite de cabra? Se ainda não, ta perdendo muito!
Esse doce de leite é feito por nada mais nada menos que Vinícius Avelar e tem post dele contando como foi a experiência em ser jurado num dos concursos mais importantes atualmente, o Prêmio Queijo Brasil. E caso queira conversar mais e fazer pedidos, é só entrar no Instagram dele!