O Queijo Minas Artesanal não é apenas um alimento, mas uma tradição que atravessa gerações e simboliza a identidade cultural de Minas Gerais. Em 2008, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu essa forma de produção como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Esse reconhecimento vai além do produto em si: ele celebra o saber-fazer transmitido por gerações de produtores, mantendo viva a história e a cultura do estado.

O que significa ser Patrimônio Imaterial?

Diferente dos patrimônios materiais, como edifícios ou monumentos, o patrimônio imaterial refere-se a tradições, práticas e conhecimentos transmitidos de geração em geração. Esses modos de fazer não se resumem a uma receita, mas a um processo artesanal que depende do conhecimento acumulado e das condições geográficas, climáticas e culturais de Minas Gerais.

O modo de produzir o Queijo Minas Artesanal é resultado de séculos de história. História contada com a descoberta do ouro. Cada etapa, desde a ordenha até o envelhecimento do queijo, carrega técnicas ancestrais que diferenciam esse queijo de outros tipos de laticínios. São saberes que, ao longo do tempo, foram adaptados às condições locais, mas que mantêm um forte vínculo com as raízes mineiras.

Identidade cultural e diversidade de sabores

Minas Gerais é famosa pela riqueza de sabores de seus queijos. Embora o estado abrigue diversos tipos de queijos artesanais, o Queijo Minas se destaca pela sua singularidade. Ao todo, existem em Minas Gerais 7 regiões caracterizadas como produtores do Queijo Minas Artesanal:

  • Araxá;
  • Campo das Vertentes;
  • Canastra;
  • Cerrado;
  • Serra do Salitre;
  • Serro; e
  • Triângulo Mineiro. 

Cada uma dessas variedades de queijo reflete não só as condições naturais da região, mas também o cuidado dos pequenos produtores que, com paixão e dedicação, perpetuam essa tradição. Segundo a EMATER, a produção do Queijo Minas Artesanal envolve mais de 25 mil famílias. Anualmente, essas famílias produzem cerca de 83 mil toneladas de queijo, o que reforça o papel social e econômico que essa tradição desempenha para as comunidades locais.

 

Vários queijos minas redondos dispostos em uma mesa

Queijo Minas Artesanal. (Divulgação/Seapa)

O que isso representa

Durante muito tempo, os pequenos produtores de queijo artesanal enfrentaram barreiras impostas pela legislação sanitária, que exigia adequações inviáveis para quem trabalhava de forma artesanal. O reconhecimento do Queijo Minas como patrimônio imaterial foi fundamental para garantir a preservação desses modos de produção sem que os produtores precisassem se adequar a normas pensadas para grandes indústrias.

Apesar da pasteurização realmente evitar doenças, bactérias benéficas também são eliminadas nesse processo. Essas bactérias ajudam na fermentação, elevam características como sabor e consistência do queijo. Como resultado, as Associações de queijeiros do MG e o Estado conseguiram um acordo com padrões sanitários, tanto para a criação do rebanho quanto para a higiene da produção.

Essa conquista permitiu que os produtores artesanais continuassem com seus métodos tradicionais, mantendo a essência do produto e valorizando a cultura e economia local. A luta pela regulamentação e preservação da autenticidade do Queijo Minas Artesanal é um exemplo de resistência cultural frente às pressões de modernização e industrialização. Com isso, para ser considerado artesanal, o queijo não pode passar por nenhum processo mecânico ou industrial.

A partir da base (leite cru, coalho, sal e o pingo), cada região e produtor adequa seu modo de fazer particular, que vai desde a produção do leite, manipulação dos coalhos, prensagem da massa, tempo de maturação, e ainda à adição do pingo. O pingo é um fermento lácteo coletado a partir do soro que drena do próprio queijo e depois vai para ao próximo. Isso confere traços específicos daquela produção, condicionadas pelo tipo de solo, clima, vegetação, etc. Assim, a identidade e qualidade do produto em aromas, textura e apresentação se preservam. 

O futuro do Queijo Minas Artesanal

Hoje, o Queijo Minas Artesanal não é apenas um patrimônio de Minas Gerais, mas do Brasil. O reconhecimento oficial não só protege essa tradição, mas também expande sua fama, tanto nacional quanto internacionalmente. Provar um Queijo Minas é vivenciar um pouco da alma mineira, sua história e seu modo de vida.

Em competições como Mundial do Queijo do Brasil e Premio Queijo Brasil, Minas se faz presente em cada edição, recebendo diversos prêmios com queijos tradicionais. Mais de 30 produtores mineiros levam seus produtos e saem de lá com medalhas de bronze, prata, ouro e Super Ouro. Esse ano teve medalha Super Ouro para os queijos GOA #14, de Aiuruoca, o Canastra do Johne e o Minas Padrão do Laticínios Lejane e um dos mais reconhecidos, o Queijo do Coronel, da região de Alagoa entre outros.

Por fim, o Queijo Minas Artesanal simboliza a cultura de Minas Gerais, com séculos de tradição e saberes transmitidos de geração em geração. A aceitação como Patrimônio Imaterial Brasileiro protege esse legado e valoriza o trabalho de milhares de pequenos produtores. Ao provar o queijo, experimentamos um pedaço da cultura mineira, que, apesar dos desafios, preserva sua autenticidade. Com a recompensa crescente em competições internacionais, o futuro do Queijo Minas Artesanal se mostra promissor e continuará vivo por muitas gerações.

Quer descobrir harmonizações?

Para descobrir quais queijos harmonizam com seus vinhos, você pode conferir a nossa página que combina queijos e vinhos para você ter harmonizações incríveis.

Comece a fazer harmonizações!

Mesmo com a ajuda da página, não se limite e sempre teste outras combinações! Descubra novas harmonizações e compartilhe comigo depois.